O Plano de Atendimento às Emergências constitui na documentação da sistematização dos procedimentos para o atendimento de eventuais emergências em operações de esporte e aventura , envolvendo vítimas graves devido às atividades exercidas e ou da localização das áreas dessas atividades, sendo, na maioria das vezes essas áreas, consideradas como locais remotos, longe dos recursos ou acessos aos serviços de emergências e carência de recursos hospitalares públicos ou privados de referência em tempo de resposta compatível para os casos de maior complexidade e criticidade;
Os PAEs – Planos de Atendimento à Emergências são recomendados e exigidos por normas regulamentadoras e legislações nacionais, além de agências internacionais de certificação e qualidade.
Apesar destas referências e dispositivos legais, normalmente a maioria das operadoras de atividades de esporte e aventura acabam por desenvolver planos de emergências muito sucs e insuficientes, não considerando todos cenários emergenciais, nem as reais condições dos recursos materiais e humanos existentes nas localidades da realização das atividades.
Para o desenvolvimento de um plano que atenda a todas as disposições legais e normativas nacionais é importante seguir as referências atualizadas existentes no Brasil como as normas da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, porém é recomendável a utilização de referências internacionais de melhores práticas aplicáveis para cada tipo de perfil de risco das atividades e ou localidades, considerando ainda as Avaliações Preliminares de Perigos e Riscos (APPRs) incluindo os riscos de ações intencionais de danos ou dolo, em conjunto com os recursos materiais próprios da operadora, capacitação técnica dos recursos humanos e instalações disponíveis para atender as diversas situações de emergências.
Para o desenvolvimento destes Planos é necessário:
Ter conhecimento das disposições geográficas e climáticas das áreas das atividades, sazonalidades, acessos viários e recursos para remoções médicas nas localidades dessas áreas;
Ter conhecimento dos sistemas de comunicações com recursos para chamados de emergências, triagem e despacho dos serviços locais para atendimento a Emergenciais;
Ter conhecimento do nível dos treinamentos ministrados para os profissionais dedicados no atendimento das emergências na operação e na localidade;
Ter conhecimento dos equipamentos e materiais para o atendimento de emergências na operação;
Ter conhecimento do desempenho dos serviços públicos e privados locais dedicados ao atendimento das emergências como hospitais, corpos de bombeiros, SAMU, delegacias e demais serviços da área de abrangência do PAE, promovendo a visita direta nestas instituições para a avaliação dos recursos e atendimento de comunicações, recursos materiais e recursos humanos quanto a formação e capacitação para a prestação de todos estes serviços, alem de conhecimentos compatíveis com os cenários de risco da atividade e ou localidade de abrangência do PAE;
Após estas avaliações realizadas diretamente nas áreas das atividades e nos serviços públicos e privados dedicados ao atendimento de emergências da área de abrangência do PAE, devem ser elaborados relatórios de conformidades a serem apresentados em forma de: fichas de avaliações, relatórios de constatações com fotolog e relatórios com oportunidades de melhorias e sugestões de recomendações de melhores práticas internacionais.
Algumas das Recomendações mais aplicadas nestes relatórios são:
Dimensionamento e aquisição de sistemas e recursos materiais para a prevenção e atendimento das emergências em conformidade com os aspectos emergenciais específicos avaliados;
Programas para formação e capacitação dos profissionais envolvidos nos atendimentos das emergências, com a participação e envolvimento de profissionais dos serviços públicos e privados como médicos, enfermeiros, bombeiros, policiais, agentes ambientais, entre outros, sendo estes treinamentos personalizados para os aspectos emergenciais específicos identificados na atividade e ou localidade de abrangência do PAE; Estes programas de treinamentos devem ser considerados como essenciais para todos os profissionais que trabalham nas atividades de mergulho, devido ao fato de muitos procedimentos dos atendimentos de emergências médicas em casos específicos dessas atividades não fazerem parte do currículo de formação da maioria dos profissionais de saúde em todos os níveis (médicos, enfermeiros, Técnicos de enfermagem, etc.);
Os Planos de Atendimento as Emergências devem então, considerar todas as hipóteses acidentais das atividades e da localidade, os recursos materiais e humanos próprios e públicos para o atendimento destas emergências, o desencadeamento das comunicações de emergências e os níveis de treinamentos para os profissionais que podem ser responsáveis pelos atendimentos de emergências;
Para a comprovação da eficiência do PAE é importante o desenvolvimento dos exercícios Simulados de Emergências onde pode ser avaliado o desencadeamento dos procedimentos documentados no PAE, sendo desenvolvidos de acordo com os cenários emergenciais aplicáveis para a unidade ou localidade.
As ações de atendimento no exercício simulado podem ser: no nível de comunicações, com o acionamento de pessoal e recursos materiais através dos sistemas de comunicações; Podem ser de cenário “ top” ou in door com uso de maquetes, mapas e cenário virtual com recursos de multimídia e mobilização de pessoal em salas de treinamento, ou ainda em cenário real com a mobilização de pessoal, recursos materiais no local do cenário, atendendo assim a maior quantidade de itens de avaliação do exercício como: eficiência de comunicações, tempos de resposta, evacuação de áreas, dimensionamento de recursos materiais, logística, eficiência do atendimento e remoção de vítimas.
É importante durante os exercícios simulados, desencadearem também as ações do plano de evacuação (remoção) médica conforme descrito no PAE.
Por fim o PAE não deve ser considerado somente como mais um documento necessário para passar em auditorias e conformidades de certificadoras de qualidade, mas deve ser uma ferramenta atualizada de fundamental importância no desencadeamento de ações de emergências quando o imprevisto pode acontecer; e esta ferramenta deve ser colocada em pratica sempre que possível nos treinamentos e exercícios simulados, se tornando um documento dinâmico que esta em constate planejamento e atualização.
Jorge Alexandre Alves é diplomado como EMT-P Emergency Medicak Technician – Paramedic e especializado em Emergencias Medicas pela MTSL – Medical Training Simulation LAboratory – School of Medicine Miami University of Miami, Florida. É membro da NAEMT – National Association of Emergency Medical Technicians – USA; Instrutor de Oficiais do Corpo de Bombeiros pela NYSAFS – New York State Academy of Fire Science, Montour Falls, New York; Instrutor especialista em combate a Incendios em Líquidos Inflamáveis, Incendio em Tanques de Armazenamento, Incendio em Embarcações e Estruturas Marítimas pela Texas A & M University, College Station, Texas USA.
Instrutor de Mergulho Autonomo pela CMAS – Confédération Mondiale des Activités Subaquatiques, pela NAUI – National Association of Underwater Instrutors e pela PADI – Profissional Association of Diving Instrutor e Instrutor de Mergulho Técnico com misturas respiratórias pela TDI Technical Diving International.
Diretor Técnico da Fire Rescue Group.